Autoridade global em desnutrição confirma fome em Gaza pela 1ª vez
A principal autoridade no monitoramento global de desnutrição confirmou, pela primeira vez, a situação de fome na Faixa de Gaza. E num nível que até hoje só se tinha observado na África.
Imagens assim (como a debaixo) a imprensa tem mostrado há semanas. Crianças desesperadas em busca de comida. Mães com filhos definhando.
Imagens assim (como a debaixo) a imprensa tem mostrado há semanas. Crianças desesperadas em busca de comida. Mães com filhos definhando.
Jornal Nacional
Para medir a insegurança alimentar, especialistas têm uma escala - de 1 a 5. O nível mais grave - fome - é quando patamares críticos são registrados: pelo menos 20% das famílias sofrem com extrema escassez de alimentos De 15 a 30% das crianças estão gravemente desnutridas. E, no mínimo, duas pessoas a cada 10 mil morrem diariamente de desnutrição.
Foi nesse nível que, segundo o relatório internacional, a Faixa de Gaza entrou, oficialmente - com 514 mil palestinos passando fome. É quase um quarto da população. Isso nunca tinha ocorrido fora da África.
A classificação foi feita com base em entrevistas a distância e dados de organizações em campo.
O levantamento é do IPC, um consórcio de 21 instituições. Entre elas, ONGs reconhecidas internacionalmente, como Oxfam e Save the Children - e agências da ONU - como o Programa Mundial de Alimentos, o Unicef e a Organização Mundial da Saúde.
O porta-voz da OMS afirmou ao JN:
“É extremamente frustrante. Estamos lá, podemos entregar ajuda (…). Mas isso não pode ser feito simplesmente por falta de acesso".
Não podemos permitir que esta situação continue impunemente” - palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ao comentar o que classificou como um desastre causado pelo homem.
O chefe de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, foi além e destacou que é um crime de guerra usar a fome como método de combate.
A Organização das Nações Unidas acusou Israel de obstrução sistemática da assistência humanitária e cobrou um cessar-fogo imediato.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu negou que Israel tenha uma política de provocar a fome, classificou o relatório como uma "mentira descarada” e culpou o grupo terrorista Hamas.
O governo israelense acusa os terroristas de roubarem comida da população.
Em outro comunicado, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que "não há fome em Gaza” e que mais de 100 mil caminhões com ajuda entraram no território desde o começo da guerra.