Acre tem mais de 8,6 mil focos de incêndio em um ano
O mês de setembro mal começou e já registrou 152 focos de incêndios no Acre até esta sexta-feira (5). As informações são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), através do portal TerraBrasilis.
Entre os meses de agosto de 2024 e 2025, o estado teve cerca de 8.670 focos detectados por satélites, incluindo áreas de desmatamento já consolidado — ou seja, nos lugares que geralmente são registradas queimadas — e também em áreas recentes e também vegetação nativa.
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Os dados representam um aumento de 4% em relação ao período anterior, passando de 8.913 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024 para 35.426 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025.
Se por um lado o retrospecto é preocupante, há uma boa notícia: O mês de agosto apresentou uma queda de 82,87% no número de ocorrências de focos de incêndios registrados no Acre em comparação com o mesmo período do ano passado.
Naquele mês em 2024, o Corpo de Bombeiros do Acre disse que foram 1.997 ocorrências, enquanto agosto de 2025 encerrou com 342 chamados.
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A redução também é similar aos registros do Inpe. De 1º de janeiro até 30 de agosto, foram identificados 577 focos, enquanto no mesmo período do ano passado foram 2.654. Uma queda de 78%.
Emergências ambientais
O Acre enfrenta uma das secas mais severas dos últimos anos, com temperaturas altas, baixa umidade e chuvas muito abaixo da média. O Rio Acre segue abaixo dos 2 metros devido a ausência de chuvas significativas há mais de 100 dias.
No dia 6 de agosto, o governo do estado e a prefeitura da capital decretaram situação de emergência por causa da seca. Os decretos, válidos por 180 dias, destacam que o regime de chuvas no 1º semestre de 2025 ficou abaixo do esperado, o que agravou a queda no volume dos rios.
Com a baixa, cidades sofrem com crise no abastecimento de água, estações de tratamento comprometidas e a necessidade de racionamento e envio de caminhões-pipa para comunidades urbanas e rurais.
Em 18 de agosto, o governo federal reconheceu a situação de emergência em 21 cidades do Acre. Rio Branco foi a última a ter o decreto federal publicado, no Diário Oficial da União do dia 28 de agosto.
O Ministério da Integração e a Agência Nacional de Águas (ANA) também classificaram como crítica a escassez hídrica nos rios Juruá, Purus, Iaco e Acre, medida válida até 31 de outubro.
Queimadas passam de 8,6 mil focos entre agosto de 2024 e 2025 no Acre
Reprodução/Rede Amazônica Acre
Perda de chuva está ligada ao desmatamento
Como resultado da degradação e do desmatamento, os dias têm sido cada vez mais quentes na região. A destruição de vegetação na Amazônia é um fator importante para a diminuição da chuvas, conforme um estudo feito por cientistas da Universidade de São Paulo (USP).
Quase 75% da redução das chuvas na estação seca da Amazônia pode ser atribuída ao desmatamento. É o que aponta um novo estudo publicado nessa terça-feira (2) na revista "Nature Communications".
A pesquisa analisou dados atmosféricos em 29 áreas da Amazônia Legal Brasileira entre o anos de 1985 e 2020. Com as mudanças no solo, na vegetação e no clima, os ciclos da água tiveram alterações significativas. Apresentando consequências de longo alcance para todo o sistema terrestre.
Os cientistas analisaram que, nas últimas décadas, partes da floresta passaram a ser fontes líquidas de carbono, impulsionadas principalmente por secas severas. O aumento de CO₂ e outros gases de efeito estufa está aquecendo o planeta. Desde 1950, a temperatura amazônica cresceu em média 0,15°C por década, e a estação seca se prolongou em 6,5 dias a cada década.
Os números revelam que a cobertura florestal da Amazônia Legal Brasileira caiu de 89,1% para 78,7%, enquanto áreas de pasto cresceram de 4,2% para 14,8%. As mudanças afetaram diretamente a capacidade da floresta de remover CO₂.
Sendo assim, os cientistas da USP concluíram que a fotossíntese que as arvores fazem são diminuídas, reduzindo então a produção do dióxido de carbono, esse é um dos principais gases do efeito estufa.
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