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Em telefonema para Macron, Lula critica tarifaço e fala em avançar no acordo Mercosul e União Europeia


Presidente da França, Emmanuel Macron, e presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Ricardo Stuckert/ Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou por telefone nesta quarta-feira (20) com o presidente da França, Emmanuel Macron. A ligação partiu do presidente brasileiro.

Segundo o Palácio do Planalto, a conversa durou quase uma hora, e os presidentes "reafirmaram seu apoio ao multilateralismo e ao livre comércio". Na ligação, eles falaram sobre:

tarifaço dos EUA

acordo Mercosul-União Europeia

COP30

guerra entre Ucrânia x Rússia

A nota do governo brasileiro informa que Lula "repudiou o uso político de tarifas comerciais contra o Brasil" e fez um relato das medidas adotadas para proteger trabalhadores e empresas.

"Mesmo sem reconhecer a legitimidade de instrumentos unilaterais usados pelos Estados Unidos, como a Seção 301, o presidente Lula comentou sobre os esclarecimentos apresentados por seu governo", diz a nota.

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Outras ligações

Nas últimas semanas, Lula intensificou as ligações para líderes de outros países, a fim de discutir formas de defender as relações comerciais entre países e de buscar novos mercados para os produtos brasileiros taxados pelos EUA.

Lula já conversou com os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Também está nos planos de Lula ligações para líderes da África do Sul, Alemanha e União Europeia.

A sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros nos EUA está em vigor desde 6 de agosto.

O Brasil acionou a OMC e respondeu à investigação comercial aberta nos EUA, porém o Palácio do Planalto entende que as negociações estão travadas.

Auxiliares de Lula explicam que a decisão de recuar nas tarifas cabe ao presidente Donaldo Trump. Ele exige o término dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que será julgado a em setembro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de estado.

O governo brasileiro descarta qualquer interferência no julgamento e considera o ato de Trump um ataque à soberania nacional.

Mercosul-União Europeia

Segundo a nota do Planalto, Lula e Macron "comprometeram-se a ultimar o diálogo com vistas à assinatura" do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco sul-americano.

A França é um dos países que resiste ao acordo por entender que as medidas podem prejudicar os agricultores do país. Lula defende o acordo e entende que, no contexto do tarifaço, é fundamental ampliar a relação comercial com a União Europeia.

O presidente também deseja priorizar negociações com países da Ásia, como Japão, Vietnã e Indonésia.

A nota ainda informa que Lula pretende fazer uma cúpula virtual dos Brics, em setembro, para tratar da "defesa do multilateralismo".

COP30

Macron, segundo o Planalto, confirmou que irá a Belém em novembro para conferência das Nações Unidas sobre Clima, a COP30.

Na conversa, Lula destacou a importância da União Europeia apresentar metas de reduções de emissões "à altura do desafio que o planeta enfrenta".

Ucrânia x Rússia

Lula e Macron também conversaram sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia. O presidente francês acompanhou, na segunda-feira (18), o encontro entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

"Os dois presidentes acordaram continuar diálogo sobre o conflito", registrou a nota do Planalto.

Desde 2023, quando retornou à Presidência, Lula tenta se colocar como um possível mediador para o final do conflito.

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