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Hamas diz que 'Gaza não está à venda'; EUA planejam dar dinheiro em troca da realocação voluntária de palestinos, afirma jornal


Israel encontra corpos de reféns em Gaza

Gaza não está "à venda", afirmou um dirigente do grupo terrorista palestino Hamas nesta segunda-feira (1º), após informações da imprensa sobre uma proposta do governo dos Estados Unidos para deslocar a população do território.

Bassem Naim, integrante do gabinete político do Hamas, afirmou nas redes sociais que "Gaza não está à venda" e que o território é "uma parte integral da grande pátria palestina".

"O Hamas rejeita todos os planos que deslocam nosso povo e mantêm o ocupante em nossas terras. Essas propostas são inúteis e injustas", afirmou outro dirigente do grupo à AFP, sob condição de anonimato.

O suposto plano, ao qual o jornal americano "The Washington Post" teve acesso, contemplaria a realocação voluntária dos quase 2 milhões de moradores em outros países ou em áreas seguras dentro da Faixa de Gaza enquanto durar o processo de reconstrução do território, devastado após dois anos de guerra.

Aqueles que aceitassem deixar o território, segundo essa proposta, receberiam US$ 5 mil em dinheiro - o equivalente a R$ 27 mil -, além de assistência para quatro anos de aluguel e um ano de alimentos.

Os proprietários de terras receberiam ofertas de 'tokens digitais' para financiar uma nova vida em outro lugar ou poderiam trocar a atual propriedade por um apartamento em uma das seis ou oito novas "cidades inteligentes impulsionadas por Inteligência Artificial (IA)" que seriam construídas na Faixa.

Ainda segundo o "Post", a ideia é que o território palestino seja administrado por 10 anos pelo chamado Fundo para a Reconstituição, Aceleração e Transformação Econômica de Gaza (GREAT Trust), para em seguida abrir espaço para uma "entidade palestina reformada e 'desradicalizada'".

Procurado pela AFP, o Departamento de Estado americano não respondeu ao pedido de comentários sobre o suposto plano, publicado poucos dias após uma reunião em Washington.

Fumaça de explosão de bombas sobe no céu de Gaza.

REUTERS/Amir Cohen

Em fevereiro, durante um encontro na Casa Branca, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, já haviam falado sobre um plano para o deslocamento dos palestinos da Faixa de Gaza.

Trump disse que queria assumir "o controle" do território para transformá-lo na Riviera do Oriente Médio, projeto que foi rejeitado na ocasião pelos países árabes, ocidentais e pela ONU.

O que palestinos falam sobre projeto?

Qasem Habib, um palestino de 37 anos que vive em uma barraca no bairro Al Rimal, na Cidade de Gaza, disse à AFP que a proposta relatada era "um disparate".

"Se querem ajudar Gaza, já sabem como: pressionando Netanyahu a interromper a guerra e os assassinatos", disse Habib.

Wael Azzam, 60 anos, que vive em Khan Yunis, no sul da Faixa, disse que não sabia do novo plano americano, mas "mesmo sem conhecê-lo, é um plano fracassado".

"Nascemos e crescemos aqui", acrescentou, questionando se o presidente dos Estados Unidos aceitaria ser deslocado de sua própria casa.

Ahmed al Akkawi, 30 anos, disse que apoiaria a proposta se representasse o fim dos combates:

"O plano é excelente se a guerra parar e nos transferirem para países europeus para vivermos uma vida normal, e caso apresentem garantias para reconstruir Gaza".

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