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Maria Bethânia se perfila, ao retratar a ‘pátria dos exus’, em grande samba de Xande de Pilares e Paulo César Feital


Maria Bethânia encerra o show ‘60 anos de carreira’ com o empolgante samba ‘Vera Cruz’

Rodrigo Goffredo

♫ OPINIÃO

♩ Das quatro boas músicas inéditas apresentadas por Maria Bethânia no roteiro do show 60 anos de carreira, a que mais se insinuou como um grande sucesso no lote de novidades é o empolgante samba de Xande de Pilares e Paulo César Feital com o qual a cantora encerra o espetáculo, com direito a uma citação do brado “Pega, mata e come”, arremate de Carcará (João do Vale e José Cândido), música que projetou a cantora há seis décadas.

O samba se chama Vera Cruz e, pela letra, percebe-se que foi escrito para Bethânia. A letra de Paulo César Feital traduz a altivez da artista enquanto versa sobre um Brasil afro-indígena, pátria dos Exus.

Com citações nominais da cantora Clementina de Jesus (1901 – 1987) e do médium Chico Xavier (1910 – 2002), o samba Vera Cruz também dá o recado político do Brasil de 2025, sobretudo através da estrofe “O meu próprio povo me conduz / Tem que respeitar / Chefe de outra pátria não me induz / Quem vai me guiar”.

♬ Eis a letra do samba Vera Cruz, parceria de Xande de Pilares e Paulo César Feital:

Vera Cruz

(Xande de Pilares e Paulo César Feital)

“Lê lê lê lê

Lê lê lê lê

Lê lê lê lê

Lê lê lê lê

Batizou-me terra Vera Cruz

Águas de lemanjá

De Tupã irmã sou de Jesus

Filha de Oxalá

O meu próprio povo me conduz

Tem que respeitar

Chefe de outra pátria não me induz

Quem vai me guiar

Guarde seu preconceito

Sou livre pra sambar

Carrego nos meus ombros os quilombos de além-mar

Sou feita de preceitos

Posso te apavorar

Navego em minhas veias as mandingas do Pará

Sou filha da Bahia

Me banhei no Gantois

Lê lê lê lê

Lê lê lê lê

Lê lê lê lê

Lê lê lê lê

Deus me fez do plasma santa luz

Sou de Obatalá

Sou Brasil, sou pátria dos exus

Babalorixá

Deus me fez do plasma santa luz

Sou de Obatalá

Sou Brasil, sou pátria dos exus

Babalorixá

Eu trago nos meus seios

O leite de Iorubá

Mas quando fico prenha

Gero só Tupinambá

Nação hermafrodita, sou homem, sou mulher

Se Vera, sou bendita, Brasil, Chico Xavier

Sou calma, sou bendita

Clementina, sou Quelé

Mas não me deixa aflita

Sou Pilintra, viro Zé

Lê lê lê lê

Lê lê lê lê

Lê lê lê lê

Lê lê lê lê”

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