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Morte de influenciadora: dona de clínica vai a júri popular após cliente fazer procedimento para aumentar o bumbum e morrer


Grazielly da Silva Barbosa, dona da clínica estética Ame-se, e a modelo Aline Maria Ferreira, em Goiás

Reprodução/Redes Sociais

Grazielly da Silva Barbosa vai a júri popular, decidiu o juiz Jesseir Coelho de Alcantara. A empresária virou ré por provocar a morte da influenciadora Aline Maria Ferreira, de 33 anos, em Goiânia, após a realização de um procedimento para aumentar o bumbum. Grazielly está em liberdade e responde por três crimes, sendo um deles homicídio qualificado.

Em nota, o advogado Welder Miranda disse que não concorda com a decisão de pronúncia e que irá interpor recurso, que em momento nenhum a acusada quis o resultado morte e que provas demonstram o contrário do que foi apresentado na pronúncia. Segundo a nota, a defesa acredita que a Justiça prevalecerá com a absolvição de Grazielly (leia a nota na íntegra ao fim do texto).

Segundo o documento, Grazielly deverá ser submetida a julgamento pelo júri popular pelos crimes de homicídio qualificado, exercício ilegal da profissão e execução de serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente. A defesa solicitou a impronúncia da ré, mas o pedido foi negado.

Em relação a qualificadora de motivo torpe para o crime de homicídio, o juiz entendeu que há indícios suficientes para que seja submetido à apreciação do Conselho de Sentença.

“Os elementos coligidos nos autos apontam que a conduta pode ter sido praticada para obtenção de vantagem econômica, consistente no valor cobrado pela realização do procedimento. Nesse sentido, caberá ao Conselho de Sentença deliberar quanto à manutenção ou ao afastamento da referida qualificadora, a qual, nesta fase processual, não se apresenta manifestamente improcedente”, diz o texto.

Aline Maria Ferreira da Silva morreu em 2 de julho, em Brasília. O procedimento teria sido realizado no dia 23 de julho de 2024, quando Grazielly aplicou PMMA nos glúteos da influenciadora.

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Procedimento

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De acordo com testemunhas citadas na pronúncia, aplicou anestesia nas duas nádegas de Aline e injetou a quantidade 30ml do produto “BIOSSIMETRIC 30%” em cada glúteo. Na sequência, a empresária teria massageado sem luvas a região da aplicação para espalhar o produto e aplicou curativos alguns curativos(veja o vídeo acima).

A aplicação durou menos de 20 minutos, informou o MP. Ao sentir dor e febre, Aline ligou para a empresária no dia seguinte, relatou o MP. Grazielly orientou que a influenciadora tomasse alguns medicamentos e “a persuadiu a não procurar atendimento médico”, diz ainda o documento.

No dia 27, quatro dias após o procedimento, Aline procurou um hospital em Brasília, onde morava, e foi internada, informou o MP. A denúncia afirma ainda que Grazielle chegou a ir ao hospital e a aplicar um anticoagulante na influenciadora, “dizendo que era para evitar trombose”.

"A denunciada conseguiu acesso à área restrita de internação, examinou a região glútea de Aline, os exames realizados e relatou aos familiares da vítima que se tratava de um quadro de infecção urinária, sem relação com o procedimento estético por ela realizado. Ademais, GRAZIELLY injetou no braço da vítima o remédio “Clexane 60mg, 6ml”, dizendo que era pra evitar trombose", cita o documento de pronúncia.

No dia 26, Aline foi transferida para uma Unidade de Tratamento Intensivo em um hospital de Brasília, onde morreu dias depois.

Denúncia

O Ministério Público de Goiás denunciou Grazyelle considerando que o PMMA foi aplicado “em ambiente e condições impróprias, sem a qualificação técnica necessária e sem observar minimamente os deveres legais de cuidados inerentes ao procedimento”.

A denúncia afirma que a morte da influenciadora aconteceu por complicações de saúde derivadas diretamente da aplicação da substância, conforme o Laudo de Perícia Necropapiloscópica.

Clínica Ame-se, localizada em Goiânia, Goiás

Divulgação/Polícia Civil

PMMA é a sigla para polimetilmetacrilato, uma substância plástica com diversas utilizações na área de saúde e em outros setores produtivos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considera o PMMA de risco máximo e, por isso, só deve ser administrado por profissionais médicos treinados.

A empresária se apresentava como biomédica, mas não tinha formação na área, relatou o MP-GO. A clínica em que o procedimento foi realizado não tinha responsável técnico e nem mesmo alvará sanitário para funcionar, de acordo com a denúncia. A clínica foi fechada um dia após a morte da influenciadora.

Nota da defesa de Grazielly da Silva Barbosa

O advogado Welder de Assis Miranda, da acusada Grazielly Barbosa, não concorda com respeitável decisão de pronúncia, irá interpor recurso. Em momento algum, Grazielly quis o resultado morte, provas demonstram o contrário da decisão de pronúncia. Justiça vai prevalecer, com absolvição de Grazielly, no momento adequado.

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