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Presidente Prudente: conheça a história por trás do mural gigante e o nome da cidade


Presidente Prudente: conheça a história por trás do mural gigante e o nome da cidade

Afinal, quem foi Presidente Prudente? Segundo registros históricos, a figura que dá nome à cidade considerada a “capital do Oeste Paulista” foi Prudente José de Morais Barros (1841 - 1902), o primeiro presidente civil eleito por voto popular no Brasil entre 1894 e 1890.

A cidade de Presidente Prudente (SP) completa 108 anos neste domingo (14). Com uma população estimada em 234.706 habitantes, conforme projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2025, o município foi emancipado de Conceição de Monte Alegre – hoje Paraguaçu Paulista (SP) – na década de 1910.

A fundação ocorreu cerca de 20 anos após o mandato do ex-presidente Prudente de Morais, que governou o Brasil entre 1894 e 1898 e deu nome à cidade.

O ex-presidente foi escolhido para estampar o mural que ocupa 400 metros, dos 600m de área total, no prédio de 18 andares, localizado à Rua Donato Armelin. A arte feita pelo prudentino Beto Deodato, de 48 anos, é perceptível em diversos pontos da cidade.

“Até que a versão fosse aplicada, apresentei algumas ideias originais bem diferentes do que foi feito, mas a aceitação não foi unânime. Sugeriram retratar então o Prudente de Morais e eu aceitei o desafio”, afirmou o artista.

Os elementos escolhidos por Beto foram, então, a imagem do ex-presidente em preto e branco, com sombra projetada e aplicação de três cores que remetem a bandeira do município: vermelho, branco e preto por trás da figura.

Conheça a história por trás do mural gigante e o nome da cidade em Presidente Prudente

GK studio produtora/Reprodução

Mural gigante

A obra levou mais de 20 dias para ser concluída, após meses de planejamento. O artista utilizou técnicas como spray, estêncil, pincel, giz, carvão e esquadro — tudo feito à mão. Inicialmente, havia a intenção de usar um projetor para a aplicação, mas, após testes, o recurso foi descartado. O trabalho foi finalizado em fevereiro de 2024.

“Preservei a cor de fundo do prédio e o resultado ficou ao mesmo tempo, minimalista e impactante. Reforça a arquitetura do prédio sem abrir mão de ficar evidente. Fiquei muito feliz com o resultado”.

Autodidata, Beto relembrou que desenhava desde sempre, mas a carreira como artista começou na pandemia da Covid-19, em 2020. Antes, ele trabalhava no ramo de negócios, com formação em administração, jornalismo e MBA em marketing.

“Não trabalho somente com murais, mas não pretendo parar. Já experimentei e estou trabalhando com diferentes tipos de criação. Eventualmente ministro oficinas, faço eventos em meu ateliê. Produzo troféus e design para grandes empresas”, continuou.

Agora, Beto faz parceria com a esposa e sócia, Lu Lisboa, no estúdio do casal, ao utilizar abordagem artística e criativa. “Foi um processo de dois anos que tracei na minha mente e percorri com fé e convicção. O trabalho no prédio (de 600 metros) foi a coroação dessa fase da minha vida, um divisor de águas pra mim”.

Nascido e criado na cidade, Beto tem outras pinturas espalhadas por Presidente Prudente, como na Unesp e galpão histórico. O morador afirmou que nunca pensou em se mudar.

“Minhas raízes e também o desenvolvimento da cidade. Existem oportunidades aqui e precisamos acreditar e apostar na cidade”

Artista, Beto Deodato é nascido e criado em Presidente Prudente

Beto Deodato/Arquivo pessoal

A cidade

Segundo dados do IBGE de 2024, Presidente Prudente tem uma área de 560,6 km², o que a coloca na 140ª posição entre os 645 municípios do Estado de São Paulo, em extensão territorial. Ainda conforme o instituto, a cidade é considerada a 40ª mais populosa do estado.

Já conforme a prefeitura, a cidade é considerada um dos principais polos industriais, culturais e de serviços do oeste de São Paulo e, por isso, passou a ser conhecida como a "capital do Oeste Paulista".

Além disso, o município é formado pela sede e pelos distritos de Ameliópolis, Eneida, Floresta do Sul e Montalvão, subdivididos em 255 bairros. Enquanto a industrialização da cidade começou na década de 1930, após a crise econômica de 1929.

Segundo o professor e historiador Benjamin Resende, de 92 anos, o nome de presidentes escolhidos na região foi para representar a Alta Sorocabana, estrada de ferro que cortava o estado e chegou na região de Presidente Prudente em 1919, começando em Sorocaba (SP).

“Por volta de 1925, 1926, houve um decreto de dar os nomes das cidades da Alta Sorocabana com nome de ex-presidente da República, ou alguém que foi, ou no Império, ou na República, um grande político”, relembrou.

No caso, conforme o professor Benjamin, os nomes começaram por Regente Feijó, Presidente Prudente, Alves Machado, Presidente Bernardes e Presidente Venceslau até Presidente Epitácio.

Já sobre o início da cidade, Presidente Prudente teve dois nomes importantes para a emancipação: Coronel Francisco de Paula Goulart e o Coronel José Soares Marcondes, que dividiram a região com a linha férrea, onde depois se tornariam a Vila Goulart e Vila Marcondes.

Escritor prudentino Benjamin Resende, de 92 anos

Redes sociais/Reprodução

Desenvolvimento econômico

Mineiro, o historiador Benjamin se mudou para Presidente Prudente ainda jovem e se tornou oficialmente “Cidadão Prudentino” após receber o título em 2023 pela Câmara Municipal.

“Os pais da gente saem de onde a gente morava, vêm para cá para ter uma vida melhor, mais tranquila e, principalmente, porque era uma região nova e precisava de gente que gostava e precisava de trabalhar”, destacou.

Então, a família de Benjamin viu a oportunidade em Presidente Prudente, em meados de 1939. “A gente notava os melhoramentos da cidade. Dos primeiros melhoramentos de qualquer cidade que você imagine do Brasil, era uma praça com uma igreja e essa praça, essa igreja, elas foram feitas pelo coronel Goulart: a Praça 9 de julho e a Catedral São Sebastião”.

Já sobre o trabalho, o historiador comentou que naquela época, entre 1920 e 1960, o município era voltado para plantação de café, amendoim e algodão, fomentando industrias estrangeiras, como a antiga Sambra e Matarazzo.

Após este período, o trabalho ficou mais voltado para criação de gado, o que segue até atualmente. “Hoje, mais do que nunca, Prudente é célebre por ter todo um orçamento dedicado ao gado. Vieram muitos frigoríficos e a cidade começou a desenvolver pra um outro setor completamente diferente”, conforme o professor.

Expectativa para o futuro

Aos 92 anos, o historiador se demonstrou esperançoso com a cidade onde criou raízes. “Acho que Presidente Prudente, e eu posso falar isso com ânimo e com coragem, tem um setor que eu acho muito importante para a população: a medicina, a saúde, e graças a um prefeito que teve, Agrippino, que construiu um grande hospital que ficou regional."

“Então, a grande coisa que o futuro de Prudente precisa é preparar para ser uma cidade de saúde, de uma população que venha consultar e fazer os tratamentos aqui. Isso, em primeiro lugar, já em segundo lugar é que Prudente ficou uma cidade estudantil, o que deu a oportunidade das pessoas serem mais cultas, mais preparadas, terem um jeito de fazer uma profissão”.

Ex-presidente Prudente de Morais

GK studio produtora/Reprodução

O Presidente de Morais

Até o dia 15 de novembro de 1894, o Brasil foi comandado por militares. Mas foi nesse mesmo ano que a história mudou: o primeiro presidente civil foi eleito por voto popular, o que também era novidade.

Ele era Prudente José de Morais Barros, político que passou a representar os interesses das oligarquias agrícolas e paulistas, sobretudo as do café.

Nascido em Itu (SP) em 4 de outubro de 1841, Prudente de Morais - como é conhecido popularmente - era advogado formado pela Faculdade de Direito de São Paulo. Seu mandato presidencial durou de 15 de novembro de 1894 a 14 de novembro de 1898.

Alguns dos feitos históricos marcantes do Presidente Prudente de Morais para o Brasil foi intervir na a Guerra de Canudos, em 1896, que durou um ano e pretendia tornar a Bahia independente, segundo o historiador Benjamin.

“O presidente Prudente mandou o exército para lá e acabou dominando toda a região. Foi o maior feito dele como presidente da República na época. E, mais ainda, por ele ser paulista, ele teve uma repercussão muito grande dentro do Estado de São Paulo, outro feito, naquele tempo o Rio de Janeiro era praticamente uma cidade pobre, tranquila e ele começou a modernizar”.

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