Como o PCC escondeu esquema bilionário com fintechs?
A Reag Capital Holding anunciou que negocia uma potencial alienação do controle da Reag Investimentos, uma das empresas investigadas por uma megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). As tratativas envolvem potenciais interessados independentes, segundo fato relevante divulgado pelas duas empresas na manhã desta segunda-feira (1º).
"As tratativas compreendem, entre outros, a troca de informações sujeitas a acordos de confidencialidade e discussões preliminares sobre termos e condições econômicos e contratuais da possível transação", afirmaram, em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De acordo com as empresas, apesar das tratativas, não há garantia de que as negociações vão levar a um acordo definitivo, nem que preço, detalhes ou prazos estejam definidos.
A Reag Capital Holding, criada em 2012 por João Carlos Mansur, é a controladora da Reag Investimentos, empresa que atua nos segmentos de Asset Management e Wealth Management.
Dario Graziato Tanure ocupa o cargo de diretor-presidente da Reag Investimentos, enquanto Mansur continua à frente do Conselho de Administração.
Reag Investimentos é investigada por elo com PCC
Na semana passada, a sede da Reag Investimentos foi alvo de mandados de busca e apreensão no âmbito de uma megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC).
As irregularidades foram identificadas em diversas etapas do processo de produção e distribuição de combustíveis no país e um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro que envolveu fintechs, fundos de investimento e outras empresas do setor financeiro, especialmente da Avenida Faria Lima.
A Reag, com ações negociadas na B3, a Bolsa de Valores da capital paulista, teria sido usada na criação de fundos de investimentos para compra de empresas, usinas e para blindagem do patrimônio dos envolvidos.
Em nota na semana passada, a Reag Investimentos afirmou que "colabora integralmente com as autoridades responsáveis pela Operação Carbono Oculto", ressaltando que "agiu de forma regular e diligente" em relação aos "Fundos de Investimento apurados em que a empresa atuou como prestadora de serviço".
Empresa dá nome a cinema em São Paulo
Com sede na Avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, e ações negociadas na B3, a Reag se define, em seu site, como a maior gestora independente do Brasil (sem ligação com bancos), com R$ 299 bilhões sob gestão.
A empresa ganhou ainda mais visibilidade ao se tornar patrocinadora do Cine Belas Artes, um dos cinemas mais tradicionais de São Paulo, na Rua da Consolação, esquina com a Avenida Paulista.
Com a aquisição dos naming rights — direito de dar nome a um espaço mediante contrato —, o local passou a se chamar REAG Belas Artes.
Após a megaoperação da Polícia Federal, a gestora viu suas ações tombarem 23,32% na bolsa desde a última quinta-feira, refletindo a reação imediata do mercado à operação.
Reag Belas Artes
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