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Quem é o publicitário preso por suspeita de matar mulher e espalhar partes do corpo por Porto Alegre


Preso suspeito de deixar mala com parte de corpo em rodoviária no RS

Ricardo Jardim, preso sob suspeita de ter assassinado uma mulher, esquartejado o corpo e espalhado as partes por Porto Alegre tem 66 anos e fez carreira como publicitário no Rio Grande do Sul.

O homem tinha casa própria, família e fonte de renda, mas perdeu tudo quando matou a própria mãe, em 2015, de acordo com a Polícia Civil. Ele foi condenado pela Justiça a 28 anos de prisão em 2018 por matá-la e concretar o corpo (saiba, abaixo, por qual razão ele estava em liberdade).

Os investigadores o classificam como um "psicopata". "É extremamente educado, frio e aparentemente muito inteligente", conta o delegado Mario Souza, diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

"Ele é muito falante e comunicativo. Um dos comentários que ele fez é que ele assumia que teria tido a ideia de dividir o corpo dela em partes. Ele teve essa ideia, ele fala isso, comentando, para quem quisesse ouvir, quando estavam aqui na delegacia, que ele havia dividido ela em partes porque era uma boa ideia para descartar ela”, conta o delegado Souza.

A vítima foi identificada como Brasília Costa, manicure de 65 anos, com quem Jardim se relacionava há cerca de seis meses. Os dois teriam se conhecido em uma pousada onde residiam.

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O caso começou a ser investigado depois que uma das partes do corpo dela, o torso, foi encontrada dentro de uma mala no guarda-volumes da rodoviária da capital. Dias antes, outras partes foram encontradas em sacos de lixo na Zona Norte da cidade. Por fim, há suspeita de que restos mortais achados na orla de Porto Alegre também sejam dela.

Segundo o delegado Souza, Jardim "não queria encobrir o crime, ele queria mostrar o que ele fez", pois, entre as motivações para o que fez, estava "a intenção de afrontar a sociedade".

A Polícia Civil também diz que há suspeita de motivações financeiras para o crime, já que Jardim teria tentado utilizar cartões de crédito da vítima e tentado movimentar contas bancárias dela.

O crime teria sido planejado pelo publicitário em três atos. O primeiro foi o descarte de partes do corpo em uma região de pouco movimento, que foi concretizado na Zona Leste da capital. Já o segundo envolveu a rodoviária da cidade, de grande movimento. O último envolveria a cabeça da vítima, que ainda não foi localizada. Jardim teria informado à polícia a região em que ela foi deixada, mas ela não estava no local.

"Este homem não pode estar em condições de convívio na sociedade. É uma pessoa que tem capacidade de cometer crimes altíssima", afirma o delegado Souza.

Caso do corpo em mala: publicitário Ricardo Jardim foi preso nesta sexta-feira

Ronaldo Bernardi/Agência RBS

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Eduardo Paganella/RBS TV

Vida nas redes sociais

De acordo com a Polícia Civil, Jardim criava perfis falsos nas redes sociais com ajuda de inteligência artificial (IA). Por meio da internet, o publicitário se passava por alguém mais jovem e buscava atrair mulheres.

"Tinha uma notável habilidade na internet. Criava perfis fakes para atrair mulheres. Lá, ele tinha o rosto de um jovem de 20 e poucos anos, que fazia esportes radicais, uma vida muito bonita para quem olha na rede social", explica o delegado Mario Souza.

Celular da vítima e conversas

O suspeito estava com o celular da vítima e teria se passado pela mulher em mensagens para familiares após o crime. O conteúdo do aparelho e de outros dispositivos apreendidos será analisado pelos peritos.

A principal linha de investigação aponta que, como o homem estaria enviando mensagens pelo celular da vítima, nenhum amigo ou familiar teria suspeitado de que algo estava errado e, assim, não houve registro de desaparecimento.

Os investigadores devem realizar perícia no celular da vítima e nos demais dispositivos eletrônicos apreendidos. O objetivo é confirmar se as mensagens enviadas em nome da vítima foram realmente redigidas por ela, além de rastrear possíveis movimentações financeiras e digitais que possam esclarecer o contexto do crime.

Exames de DNA

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou que os membros encontrados em 13 de agosto, na Rua Fagundes Varela, na Zona Leste da capital, e o torso deixado em mala no guarda-volumes da rodoviária, identificado no dia 1º de setembro, pertencem à vítima.

O IGP também relatou que, a partir dos nós dos sacos de lixo que envolviam os fragmentos, foi extraído um perfil genético masculino que coincidiu com o de um condenado no Banco de Perfis Genéticos do RS, resultado que sustentou o pedido de prisão de Jardim.

A localização do corpo da vítima de permitir a identificação completa do corpo e contribuir para a definição precisa da causa da morte.

Preso suspeito de descartar corpo na rodoviária de Porto Alegre

Linha do tempo

15/01/2024: Justiça autoriza progressão ao semiaberto e liberação com monitoramento diante da falta de vaga, com apresentação obrigatória em 48h

16/01/2024: Ricardo é liberado da prisão

19/01/2024: Ricardo se apresenta ao Instituto Penal de Monitoramento Eletrônico, que não tem tornozeleiras disponíveis

28/02/2024: Acontece uma tentativa de agendamento da instalação da tornozeleira, mas não atendeu as ligações

06/04/2024: Feito o registro de Não Apresentação, passando para a condição de foragido

22/04/2024: Ministério Público solicita a expedição de mandado de prisão

06/02/2025: Juízo regride cautelarmente o regime para o fechado e expede mandado de prisão

O crime em etapas

Depósito da mala: câmeras mostram um homem deixando a mala no dia 20 de agosto no guarda-volumes da rodoviária. O volume ficou no local por cerca de 12 dias, até ser aberto pela equipe do setor devido ao odor;

Planejamento e ocultação: o autor removeu as pontas dos dedos dos membros para dificultar a identificação e deixou a cabeça por último, estratégia que, segundo a polícia, visava retardar o reconhecimento da vítima;

Relacionamento e possível motivação: segundo a investigação, o suspeito mantinha relacionamento com a vítima e tentou usar os cartões dela. Comprovantes de transações entre ambos foram encontrados. A motivação financeira é apurada;

Apreensões: com o suspeito, os policiais apreenderam celulares e notebook material será periciado após pedidos judiciais de acesso aos dados;

Classificação do crime: a Polícia Civil trata o caso, neste momento, como feminicídio. Laudos complementares devem apontar a causa da morte quando houver reunião de todas as partes do corpo.

Linha do tempo: homem preso após abandonar mala com corpo na rodoviária de Porto Alegre

Infográfico/g1

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