G1

Três em cada dez moradias brasileiras não têm serviço de esgoto, revela IBGE


IBGE divulga retrato da condição de vida nos domicílios brasileiros

O IBGE divulgou nesta sexta-feira (22) um retrato da condição de vida dos domicílios brasileiros.

O Brasil avança na cobertura dos serviços básicos. Quase 100% dos domicílios têm energia elétrica. Oito em cada dez têm acesso à rede de abastecimento d’água. E na coleta de lixo, nove.

Mas em 4,5 milhões de residências, onde os caminhões ainda não chegam ou passam sem regularidade, os moradores acumulam e queimam o lixo. Agora, a rede de esgoto.

Jamilson mora no bairro da Areinha, em São Luís, no Maranhão. Sem saneamento básico, todo o esgoto é jogado a céu aberto nesse córrego.

“São muitos mosquitos à noite, o odor, que é muito forte. E também a falta de lazer na nossa comunidade que seria uma coisa muito importante para a gente".

Em cinco anos, o crescimento no acesso à rede geral de esgoto foi de 2,3 pontos percentuais e atingiu 70%. Mas 3 em casa 10 moradias ainda não tem o serviço. A situação é mais precária no Nordeste e Norte do país.

Temos 11 milhões de moradias lançando dejetos em fossa improvisada, valas, rios, lagos ou no mar.

“Ainda há um caminho muito longo a ser preenchido aí na evolução da cobertura de saneamento básico", afirma William Kratochwill, analista do IBGE.

O IBGE registrou melhora da estrutura dentro das casas. Oito em cada dez têm piso de cerâmica, lajota ou pedra. Houve aumento de bens como máquina de lavar, carros e motos. A população de idosos continua crescendo.

E o percentual de brasileiros que se declarou de cor ou raça branca caiu – e passou para o menor percentual da série.

Nesse retrato da vida do brasileiro feito pelo IBGE, tem outro dado muito importante: o número de casas ou apartamentos alugados atingiu o maior índice da série histórica.

Em oito anos, são cinco milhões e meio a mais – crescimento de 45%. Por outro lado, a participação de imóveis próprios caiu nesse período.

Juliane Rodrigues mora num apartamento alugado. Ela faz parte também de um outro grupo que continua crescendo: o de pessoas que moram sozinhas. Mas quer muito ter a casa própria.

“É um sonho, um sonho de não me preocupar... ‘não tô dando conta, vou precisar sair, mudar, essa mudança toda hora é muito cansativa. Eu quero fixar, pagar aquilo ali que eu tenho certeza que é meu e ter paz.’”

O IBGE diz que essa combinação – aumento do aluguel e redução no número de imóveis próprios – pode ser mais um sinal da alta concentração de renda no país. A economista Ana Maria Castelo, da Fundação Getúlio Vargas, vê também um outro motivo.

O IBGE diz que essa combinação – aumento do aluguel e redução no número de imóveis próprios – pode ser mais um sinal da alta concentração de renda no país

Jornal Nacional

“Uma mudança de comportamento, uma mudança cultural. De pensar assim: os nossos pais, os nossos avós, mesmo nós, ter algum imóvel próprio é algo muito importante, significava um momento de vida, de consolidação da situação profissional. E hoje isso já não é uma questão tão importante para o jovem".

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