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Veja o que se sabe sobre o caso dos mais de 800 pinguins encontrados mortos no litoral de SP


Mais de 1 mil pinguins são encontrados mortos em praias de SP e SC

O caso dos 845 pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) que encalharam em estado avançado de decomposição no litoral sul de São Paulo ganhou repercussão nacional. Por conta disso, o g1 reuniu tudo que se sabe sobre o ocorrido.

O registro dos animais mortos começou a ser feito a partir do último dia 15, quando houve um encalhe em massa nas praias de Iguape, Cananéia e Ilha Comprida. No último balanço divulgado pelo Instituto de Pesquisa Cananéia (Ipec), havia 845 animais mortos e apenas um vivo.

A maior quantidade de pinguins mortos apareceu em Ilha Comprida, que possui 74 km de extensão de praias. Eles foram recolhidos pelo Ipec, que executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).

O que foi feito?

Exames

Possíveis causas

Espécie

O que foi feito?

De acordo com o Ipec, os animais encontrados mortos passaram por exame biométrico e registro técnico, com coleta de medidas e peso. Eles seriam enterrados em seguida, conforme prevê a legislação.

“Só retiramos da praia e levamos para nossa base animais debilitados ou frescos (morte recente, em que ainda temos material para avaliar e chegar a uma causa da morte)”, destacou o Ipec, em nota.

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Exames

Número de pinguins mortos passa de 800 no litoral de SP; entenda o fenômeno

Rinaldo Rori/g1

Ainda segundo o Ipec, os animais encontrados em avançado estágio de decomposição - que são a grande maioria - não vão passar por necrópsia, exame capaz de identificar a causa do óbito.

De acordo com o Projeto Executivo do PMP-BS, estão previstos três tipos de exames para animais em estado avançado de decomposição - isto é, nos casos em que as condições de preservação de carcaça estejam adequadas. Veja abaixo:

Necropsia;

Triagem de conteúdo gastrointestinal;

Análise osteológica (quando houver suspeita de lesões ou deformidades osteocartilaginosas).

Em casos de encalhe em massa, deve ser feita a amostragem de 20 animais mais 10% do total, sendo no mínimo 50 indivíduos, para análise histopatológica [estudo de alterações em tecidos e células causadas por doenças] e triagem detalhada do conteúdo gastrointestinal.

sses tipos de exames se aplicam às carcaças que tenham condições adequadas para a avaliação. O exame é "obrigatório" somente nos casos de animais oleados, ou seja, contaminados com óleo. Ainda segundo o Ipec, nenhum dos animais encontrados no litoral sul estava dessa forma.

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Possíveis causas

Ao g1, especialistas ouvidos pontuaram que os pinguins parecem ser jovens e também podem ter sofrido influência de fatores como:

falta de alimento

interferência humana

interação com redes de pesca

O biólogo Alex Ribeiro destacou que os encalhes podem estar relacionados com a juventude dos animais - que aparentam ser jovens devido à falta de coloração definida. “Às vezes, na primeira viagem, não estão muito bem orientados, e acabam se perdendo”, disse.

Ele pontuou que os animais podem ter se aproximado demais das praias, ficando à deriva no mar e sem alimentos. Isso também pode ter ocorrido, ainda segundo ele, devido à influência humana.

Pinguins foram encontrados mortos em Ilha Comprida

Rinaldo Rori/TV Tribuna

“Se os animais estão sujos de óleo ou se ingeriram lixo de alguma forma”, destacou Alex. O especialista disse, no entanto, que a causa real da morte depende da análise necroscópica do animal.

Já o biólogo William Rodriguez Schepis destacou a possibilidade de interação com redes de pesca. “É um animal que não tem mercado, não tem valor econômico, então ele [pescador] já descarta no mar”, disse.

Alex pontuou que, mesmo com o alto número de exemplares, o caso pode se enquadrar no contexto da seleção natural. Na Patagônia Argentina, região nativa da espécie, podem ser encontrados mais de 1 milhão de pinguins, segundo ele.

William, porém, destacou que não é comum a aparição de uma grande quantidade em curto espaço de tempo. "É um número expressivo. Uma quantidade bem grande, num período bem curto de tempo. Precisa estar fazendo uma análise mais aprofundada com as carcaças dos pinguins", disse.

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Espécie

A aparição em um curto espaço de tempo também está relacionada ao período migratório do animal, quando deixam suas colônias na Patagônia Argentina e nadam rumo ao Norte, passando pelo Uruguai e chegando ao Sul e Sudeste do Brasil.

De acordo com Alex, a migração da espécie ocorre por meio da Corrente Tropical do Atlântico Sul, que eles utilizam em busca de alimentos. O período de migração da espécie ocorre entre os meses de junho e setembro.

Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC) registrou 'encalhe em massa' de pinguins-de-magalhães em Ilha Comprida (SP)

IPec/Divulgação

“Como a viagem é muito longa, muitos chegam fracos, debilitados, não conseguem se alimentar o suficiente para fazer a viagem toda e acabam morrendo. Muitas vezes morrem em alto mar ou chegam bem fracos, bem debilitados na praia. Morrem na praia ou acabam sendo resgatados por grupos que fazem monitoramento de praia”, conta Alex.

O biólogo Rafael Santos disse, ainda, que as águas do Sudeste - principalmente ao norte - não oferecem a alimentação necessária para todos os pinguins, que costumam migrar em grupos de 10 a 15 mil animais.

"Tanto que a maioria que encalha tem características muito parecidas: São animais que estão magros e a grande maioria é filhote", explica.

Conheça espécie e percurso de pinguins que chegam a SC

Ben Ami/NSC

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