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Youtubers do Paraná que produziam vídeos com crianças e adolescentes têm canais excluídos


Da esquerda para a direita, João Caetano, Paty, Dedé e Taspio.

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Os canais Taspio, João Caetano e Paty e Dedé foram excluídos do YouTube porque, segundo a empresa, "violam as políticas de segurança infantil" da plataforma de vídeos. A decisão foi confirmada pela plataforma em nota enviada ao g1.

Conforme apuração do g1, os três moram no Paraná e produzem conteúdos com participação de crianças e adolescentes, com publicações frequentes no YouTube e em redes sociais. Os grupos formados pelos jovens eram chamados de "tropas".

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Os perfis estão fora do ar desde a noite de quarta-feira (20). Nesta quinta (21), o YouTube informou por meio de nota que as denúncias são anônimas, feitas pela própria comunidade de usuários da plataforma, e que "outros usuários não sabem quem as enviou".

Os criadores podem contestar a decisão junto à plataforma.

Em nota, a defesa dos quatro envolvidos informou que "não houve qualquer notificação prévia" por parte do YouTube, e que o procedimento foi em "desacordo com a lei, uma vez que não oportunizou aos influenciadores o direito de resposta".

"As produções sempre priorizam o melhor interesse das crianças e adolescentes, que contam com contratos formalizados em nome de seus responsáveis legais, os quais administram os valores decorrentes da atividade artística. Além disso, todos os menores foram submetidos a acompanhamento psicológico, cujas profissionais atestaram que não há qualquer prejuízo, sendo as atividades de gravação, ao contrário, benéficas ao desenvolvimento das crianças", diz o pronunciamento.

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Quem são os youtubers?

Felipe Sápio, conhecido como Taspio, é criador de conteúdo e morador de Londrina, no norte do Paraná. Nas redes sociais, ele somava 12 milhões de seguidores - quando o canal no YouTube estava ativo. Ele nasceu na cidade de São Paulo e mudou-se para o estado vizinho em 2022.

Antes de o canal ser excluído, ele produzia encenações envolvendo crianças e adolescentes com temas como relacionamentos.

Taspio publicou uma foto ao lado de 13 crianças e adolescentes que faziam parte do grupo de gravação.

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João Caetano, também morador de Londrina, somava, até então, 17 milhões de seguidores. Ele produzia vídeos com crianças e adolescentes com temas como manobras de bicicleta e desafios.

Nos vídeos, o criador de conteúdo mostrava carros de luxo e casas de alto padrão.

João Caetano publica conteúdos com veículos de luxo.

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Patrícia Caetano e André Campos, conhecidos como Paty e Dedé, moram em Curitiba. Eles tinham 7 milhões de assinantes no canal do YouTube, com conteúdos com crianças e adolescentes. Nas redes sociais, eles somam 1,5 milhão de seguidores.

As gravações tinham assuntos como danças, encenações e esporte. O tema de relacionamento também era presente.

Conteúdo publicado no perfil de Patrícia.

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Conteúo com danças publicado no perfil de Patricia.

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Liminar do MP proibiu que influenciadores e empresas de Londrina produzam conteúdo com crianças e adolescentes sem autorização judicial

Promotora fala sobre investigação de influenciadores que gravaram conteúdos com crianças

Em junho deste ano, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) conseguiu uma decisão judicial liminar na Vara da Infância e Juventude de Londrina que proibiu que influenciadores digitais e empresas de Londrina, no norte do Paraná, produzam conteúdos com crianças e adolescentes sem autorização judicial.

A proibição abrange a gravação, produção, divulgação e compartilhamento de conteúdos com a participação de crianças e adolescentes. A promotora Fabiana Pimenta Soares explicou que a decisão também é válida para materiais feitos com os menores fora da cidade de Londrina.

O pedido foi feito após o MP avaliar os conteúdos publicados pelos influenciadores e empresas. Eles estão sendo investigados desde abril deste ano, quando o órgão recebeu denúncias sobre publicações com conteúdos audiovisuais sensíveis e inadequados envolvendo a participação de menores.

Segundo a promotora, os conteúdos tinham como foco o entretenimento voltado ao público infantojuvenil e usavam atores mirins. Contudo, os temas eram inapropriados, como: violências físicas, sequestros, afogamentos, sexualização e relacionamentos precoces, exposições de seminudez, contatos físicos amorosos, vexames públicos, roubos, consumo de bebidas alcoólicas e de cigarros, uso de armas de fogo ou simulacros de armas, envenenamentos, descumprimento das regras de trânsito, castigos físicos, relações físicas sem consentimento, relacionamentos violentos, agiotagem e tentativas de homicídio.

Até o momento, a Justiça não confirmou que Felipe Sapio e João Caetano - que realizam as gravações em Londrina - são investigados no âmbito desta liminar.

A defesa dos dois informou ao g1, por meio de nota, que "muito embora a lei determina que a autorização judicial é necessária aos menores desacompanhados, os influenciadores que representam estão com todos os processos de autorização em trâmite permanente a Vara da Infância e Juventude competente, já em fase de finalização".

Câmara aprova projeto contra 'adultização'

Ao defender projeto, Motta diz que 'adultização' é tema que saiu das telas e ganhou ruas

Nesta quarta-feira (20), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que combate a 'adultização' de crianças nas redes sociais.

O texto volta para nova análise do Senado, onde foi apresentado em 2022. Ele estabelece uma série de obrigações aos provedores de redes sociais para impedir que crianças e adolescentes façam uso dessas plataformas, entre elas, garantir que haja vinculação das redes sociais de crianças e adolescentes a um responsável e remover conteúdo considerado abusivo para este público.

Leia mais: Câmara aprova projeto que combate 'adultização' de crianças nas redes sociais

O objetivo da lei é garantir a proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais. Ela se aplicará sobre todo produto ou serviço de tecnologia da informação quando houver possibilidade de uso por crianças e adolescentes.

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